Imersão no dia-a-dia do povo local
Viajei à Belém com intenção clara de conhecer alguma das praias de rio da região. Falando com locais, tive várias indicações para visitar a Praia do Vai-quem-quer, na Ilha de Cotijuba. "É bem diferente", diziam. O trajeto era um tanto complexo: ir até a rodoviária, pegar ônibus até o distrito de Icoaraci, atravessar o rio de barco e - por fim - pegar uma condução até a praia. Uma aventura, certamente. Mas era o tipo de experiência que estava buscando.
Já no início, começaram os percalços. À princípio, o trajeto de ônibus até Icoaraci durava algo 45 e 50 minutos, mas o ônibus só chegou lá 1:30 depois. Provavelmente peguei o ônibus errado, fazendo o caminho por dentro dos bairros. Como resultado, perdi o barco que saía às 9:00. Restou pegar um popopo: trata-se de uma embarcação pequena e simples, usada pela população local para o transporte do dia-a-dia, algo como uma van aquática.
Devo admitir que, no início, não me inspirou muita confiança. Na verdade, fiquei bem apreensivo. Em primeiro lugar, estava abarrotado de gente. Só consegui sentar abrindo caminho em um dos degraus da escada. O barco é bem rústico e não atendia a vários requisitos de segurança: as conexões elétricas eram improvisadas, um galão de combustível estava à mostra próximo dos passageiros e o motor estava do meu lado em um compartimento.
Apesar do impacto inicial, a viagem foi bem tranquila. Um dos aspectos positivos é que o barco quase não balança, e não senti qualquer enjoo. O fato do popopo ser pequeno acabou também sendo interessante, pois fiquei bem próximo ao rio. Um cenário belo e relaxante. O clima entre os passageiros era de leveza, e quase todos conversavam despreocupadamente, vários prontos para passar o dia na praia. Além de mim, havia apenas mais um turista. Dessa forma, essa travessia me proporcionou uma genuína imersão no cotidiano local, algo que sempre valorizo muito em minhas viagens. Recomendo para quem busca esse tipo de experiência e não tem medo de enfrentar certos imprevistos.