Leo Araújo
O caminho de Santiago de Compostela dos andarilhos brasileiros
Nos primeiros anos de colonização do nosso país, uma ordem cristã teve um papel primordial no contato com os povos da terra e construção do nosso matiz cultural. Estamos falando dos jesuítas, que chegaram primeiro com Tomé de Souza e depois se espalharam pelos rincões da colônia. Na Capitania do Espírito Santo, dois aldeamentos se destacaram o de Reritiba e o de Nossa Senhora da Vitória.
Ambos foram administrados pelo Padre José de Anchieta, que segundo a lenda percorria um caminho entre sua escola de jesuítas e o Colégio de São Tiago (tudo isso era feito pela orla da região escrevendo na areia). Mas sabemos que o caminho foi realmente percorrido pelos jesuítas e seu líder máximo, já que os dois aldeamentos eram pontos importantes na época.
São cerca de cem quilômetros, que compreende a distância entre as atuais cidades de Anchieta e Vitória, passando pelas mais belas paisagens e importantes monumentos das terras capixabas. Encontrei o caminho em uma de minhas andanças pelas praias de Vila Velha, e como historiador, curiosamente busquei seus traçados pelas cidades que visitei na orla sul do Espírito Santo. O “caminho das 14 léguas”, como era chamado por Anchieta, é uma prova da árdua missão e fama de andarilhos desta ordem que foi por muito tempo conhecida como “soldados de Cristo”.
Passando por diversos marcos, o caminho é realizado por religiosos e amantes de roteiros culturais em jornadas diárias que vão de quatro a sete horas. Bem sinalizada, a rota que corresponde a nossa versão do Caminho de Santiago de Compostela, é iniciada com o feriado de Corpus Christi e dura cerca de quatro dias a partir de Vitória (apesar de existirem roteiros mensais).
Criado em 1998, o caminho é bem cuidado e fácil de se fazer, principalmente para tem disposição, fé ou a vontade de conhecer e não possui limites.
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