A nova Madrid?
Da Plaza de la Luna nasce a Corredera Baja de San Pablo, que pelo outro lado começa na Plaza de San Ildefonso e a conecta com sua irmã mais velha, a Corredera Alta. Não sei se a esta altura já aparece nos guias de viagens, mas se ainda não, deveria. Essa rua é pura Madrid e reflexo da nossa história mais recente: entre mercados, bares e lojas de produtos marinhos de toda a vida emergem os locais do novo “Soho madrilenho”.
Sua origem parece uma festa. Conta o Dicionário Enciclopédico de Madri que, quando havia verbena (espécie de arraial ou festa noturna), ambas as ruas se enchiam de barracas de frutas e flores. “As pessoas iam de romaria ou de ‘corredeira’, o que acabou por dar a denominação ao que posteriormente seriam duas ruas muito comerciais”, explica. E bota comerciais nisso: para que tenham uma ideia, uma crônica de 1928 do jornal ABC (de um dia que um touro e uma vaca “espalharam o pânico na cidade” porque fugiram... coisas da época, mas isso é outra história) descreve o movimento do lugar. “As numerosas compradoras corriam em todas as direções e diante dos animais abriam-se enormes clarões onde havia muitas cestas, bolsas de mão e rede repletas de suprimentos.”
Contos taurinos à parte, três detalhes mais desta rua: a Igreja de San Antonio de los Alemanes, para os que também buscam monumentos; as salas de cinema X, reflexo do ambiente espanhol dos anos 80 e que permanecem abertas; e o rebatismo da área conhecida como TriBall (Triângulo Ballesta, formado por esta, a rua Ballesta e a rua do Desengaño) por parte de uma associação de comerciantes – o que deu ao lugar um ar alternativo.