Um santo com muita devoção
É curiosa a devoção à Jesus de Medinaceli em Madrid, e sobretudo quando se vê intermináveis filas nas sextas-feiras para poder entrar na igreja e tocar o santo.
Hoje é um dia normal, não há muito público e portanto pude entrar na igreja sem muita dificuldade para apreciar umas das joias escultóricas procedente das escolas de escultores de Sevilha: o Cristo de Medinaceli, realizado no século 17. Com toques barrocos e assombroso realismo, a imagem sobressai a tudo neste lugar.
A igreja é simples e bonita, e à entrada há um agradável guarda que facilita todos os dados aos viajantes curiosos, e não fiéis, que vão visitar este lugar. Muito educadamente me indica que eu suba, suba para ver a figura esculpida por Medinaceli e que posso tirar fotos, mas sem flash. Depois de uma parede, uma escada escondida dá acesso ao lugar onde cristo permanece imóvel e profundamente “ferido”. A verdade é que essa figura impressiona de perto, às vezes se pensa que é uma pessoa real.
Enquanto observo a escultura e a imagem da Basílica desde a parte de cima, uma multidão de fiéis sobem para rezar ou tocar e beijar a imagem com infinitas e secretas petições. Para mim a visita já deu, e deixo essas pessoas tão crentes para não atrapalhar mais nas suas confissões. Foi uma visita curiosa, recomendável, um tanto hipnótica com esse Jesus tão “realista”. Como disse, uma bonita igreja que cruzou meu interessante passeio pelo Bairro das Letras.
Ao sair, o amável guarda me pergunta se gostei. “É bonita, não é mesmo?”, me diz. E não me resta outra coisa se não consentir e me emocionar diante dessas pessoas tão crentes. Curiosidades das grandes metrópoles onde tradição, religião, cultura e modernidade se misturam num curioso coquetel.
Ah, me conta o senhor que é impressionante assistir o desfile deste cristo na Semana Santa. Deve ser curioso ver.
