As notícias sobre a origem de Caorso ...
As notícias sobre a origem de Caorso são conflitantes. Segundo alguns historiadores, Orsa, a irmã do bispo piacentino Podone, com a irmã Imelda, teria fundado a igreja de Nossa Senhora da Assunção em 819; derivando de “Cà Ursa” tradução dialética de Casa de Orsa, o nome da cidade. Outros historiadores atribuem à rainha Cunegunda, condessa de Luxemburgo e esposa do imperador Henrique II. Uma outra versão, defendida por Andrea Corna, registra que Caorso derivaria da casa Ursilia.
Seja como for, Caorso (“Caurs” em dialeto piacentino) hoje possui pouco mais de quatro mil e novecentos habitantes e, como tantas outras cidades da província de Piacenza, foi reconhecida pela região Emília-Romagna como “Município Turístico” por algumas peculiaridades artísticas e ambientais do território (a Fortaleza Mandelli, o Oásis Naturalístico “De Pinedo”, o serviço de navegação no rio Po, a antiga e fortemente radicada tradição eno-gastronômica). Ou seja: Apesar de ser um pequeno município, existem atracões turísticas e naturais, mas, principalmente, bebe-se bom vinho e come-se muito bem. A cidade é também sede de inúmeras pequenas empresas e é zona agrícola produtora de tomate e cebola. Às margens do rio Po, a cidade ainda é atravessada pelo riacho Chiavenna.
Manifestações anuais:
• Mercato – a feira semanal a cada segunda-feira
• Sagra della Crostata – Torta de massa seca e crocante típica da região: Quarto domingo de Maio
• Sagra della Anatra – Sagra do pato assado: Segundo fim de semana de Setembro
• Mercato Nazionale dei Sapori e dei Colori – mercado da gastronomia italiana: Em ocasião da Sagra della Anatra
• Mercatino dell’Antiquariato – mercadinho de antiguidades: Quarto domingo do mês
• Mercato Serale del Venerdì – Feira e música ao ar livre: Noites das sextas-feiras de Maio e Junho
• Festa per il Fiume Po – Festa com competições amadores e stands gastronómicos: Terceiro domingo de Junho
• Grande Falò della Vecchia – Festa com fogueiras e música ao ar livre em Janeiro: No sábado da Epifania
Mas Caorso não é apenas a cidadezinha de província de vida pacata. Entre 1970 e 1978 foi construída a usina nuclear italiana mais famosa, a central Enrico Fermi, comumente chamada pelos piacentinos de “Arturo”. A sua produção comercial se iniciou em Dezembro de 1981 e se concluiu em 1986. A central necessitava de novos investimentos quando um referendum decretou o fim da energia nuclear na Itália, em 1987. Em 1990 foi declarada oficialmente desativada e sua estrutura foi quase toda desmantelada. As escórias radioativas foram, pouco a pouco e em segredo, sendo transferidas às usinas nucleares de Areva na península do nez de Jobourg, em La Hague, na Normandia. Restava um último pedaço, as últimas barras de urânio a alta radioatividade que dormiam nas piscinas nucleares da central desde 1986. No dia 19 de Junho deste ano de 2010, centenas de cartazes foram espalhados pelas ruas, desde a periferia até o centro e às margens do Po, proibindo o estacionamento de todos os veículos a partir das 18:00 h. Até às 6:00 h do dia 21. Naquela noite se murmurava: “Colocaram os cartazes. Parte a última carga.”
E foi assim que no dia 20 de Junho com um aparato militar que envolveu todas as forças de ordens, com polícia, exército, bombeiros e defesa civil escoltou o material até o trem blindado contra ataques militares e seguiu seu rumo controlado e vigiado. Caorso finalmente tornou-se uma cidade desnuclearizada. E seus habitantes podem gozar da fama de bons vinhos e boa comida que sempre tiveram, sem ter que conviver com o incômodo vizinho Arturo.
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