Exagerada e arrogante
A Abadia beneditina de Melk, para mim, até hoje, é a residência sacra em activo mais exagerada e arrogante que alguma vez tive a sorte de visitar (sem contar com o Vaticano, mas isso nem era preciso dizer). O meu orgulho de ateu, e principalmente quando viajo com o meu pai, que é pior do que eu com estas construções imperiais, sempre nos mete em sarilhos, impedindo-nos sentir muitas vezes por excesso de dialéctica blasfema.
Mas esta abadia com 900 anos pôde conosco; por não ser assim tão grotesca ao pecar por obscena, talvez descobrindo um gosto elitista nos beneditinos (pouco sabiam eles que acabariam por partilhá-lo com milhares de turistas tão "especiais" como o meu pai e eu) e a abadia de Melk é uma referência explícita do barroco, mas sem cansar, absolutamente.
Com uma biblioteca com 100 mil exemplares (e as provas de que passaram por ali muitas e "grandes" personalidades na nossa época como Arundhati Roy ou Saramago) e com a elegância em cada detalhe arquitecónico, escultórico e em cada fresco...
E a igreja mais abrumadora que os meus olhos já percorreram. Esta fortificação é uma amostra do poder de uma época, sim, mas o magistral que tem a sua visita é perceber o resultado quando temos os meios para abrumar o mundo.
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